Projeção Astral – 19 de março de 2025, quarta-feira, às 09:20
Em um estado profundo de sono, me encontrei em um ambiente desconhecido, um espaço pequeno que lembrava um quarto. O chão estava coberto por uma camada de água de aproximadamente 15 cm de altura, e eu estava lavando o piso, como se estivesse me preparando para algo. Do lado de fora, ouvi vozes masculinas chamando um nome que ressoou profundamente: Vivaldo. Era o nome da minha identidade terrestre na realidade 3D. A porta foi golpeada com batidas firmes, e, sem saber exatamente quem me procurava, abri.
Diante de mim, estavam dois homens. Um deles era um desconhecido, que parecia determinado a encontrar Vivaldo, como se esse nome carregasse um significado além do que eu compreendia naquele momento. O outro era Ronaldo, uma figura conhecida da minha vida desperta, um advogado na 3D. A presença dele me fez refletir sobre o possível simbolismo das leis e da ordem, algo que talvez estivesse em jogo naquela experiência.
O homem desconhecido voltou a perguntar por Vivaldo, como se não percebesse que eu era essa pessoa. Ronaldo, no entanto, interveio antes que eu pudesse responder, como se soubesse de algo que eu ainda não havia percebido:
— Seu filho ainda não chegou!
Aquela afirmação, dita com firmeza, parecia carregar um alerta oculto. Meu instinto me fez seguir a narrativa dele, então complementei:
— Ele está na escola, não chegou.
O desconhecido me observou com desconfiança, como se tentasse decifrar a verdade por trás das palavras. Em seguida, ele perguntou meu nome. E sem hesitação, como se algo dentro de mim soubesse que essa era a resposta correta, eu disse:
— Mário.
Ele pareceu processar essa nova informação, mas sua busca não cessou. Então, ele retirou de suas vestes um artefato semelhante a um disco de CD partido ao meio, mas ao girá-lo, ele assumiu cores furta-cor, vibrando como um holograma vivo. Assim que ele começou a manipulá-lo, senti algo na minha nuca se ativar—um fenômeno que já ocorrera em outras projeções astrais.
O homem percebeu essa ativação e imediatamente começou a se aproximar, estendendo o disco na direção da minha nuca, como se estivesse tentando me identificar ou desbloquear algo oculto dentro de mim. Em resposta instintiva, comecei a me esquivar, evitando ser tocado pelo artefato. Não sentia medo, mas a sensação de que algo grande estava prestes a acontecer.
No meio dessa perseguição controlada, algo inesperado ocorreu: um desdobramento de mim mesmo. Enquanto Vivaldo continuava no quarto, tentando escapar do desconhecido, outra parte de mim atravessou uma porta que antes não existia. Ao cruzar essa passagem, me percebi dentro de outro quarto, mas ainda era eu mesmo, Vivaldo.
No novo espaço, uma mulher desconhecida dormia tranquilamente em uma cama. Antes que pudesse reagir ao que estava acontecendo, ouvi um barulho vindo da porta entreaberta. Quando olhei para o cômodo onde minha outra versão ainda estava com Ronaldo e o desconhecido, um clarão tomou conta do espaço.
Era como se, naquele exato momento, o artefato tivesse finalmente tocado a minha nuca. Mas, ao invés de apenas uma ativação sutil, o tempo congelou.
Tudo paralisou de forma estranha, como se o presente estivesse sendo puxado para trás, retornando a um instante anterior. A cena oscilava, como um filme em slow motion, tremendo em tentativas de ressincronização com a realidade. Dentro desse fenômeno temporal, observei algo revelador: uma mulher de olhos claros e jaleco branco ao lado de um homem. Ambos falavam sobre "como ativar a realidade", mas suas palavras eram como ecos invertidos, reproduzidos de trás para frente.
A mulher que dormia no quarto ao meu lado começou a despertar e tentou adentrar o cômodo congelado. Antes que ela cruzasse a fronteira entre os espaços, eu a alertei:
— Melhor não entrar. Espere.
O ambiente permaneceu oscilando entre tempos e frequências diferentes, enquanto eu observava cada detalhe, tentando compreender o significado do que estava acontecendo.
