Mestres de Si
Não há mestres externos.
Há apenas algum notável pensador, um bom livro, um bem construído conceito, uma ideia expressa e tantas outras formas de comunicar o que se tornou lúcido na compreensão.
Porém, veja: a todos estes, e a toda boa ideia, há uma interpretação e entendimentos que se dão em camadas.
Há muitas incríveis obras prontas, mas de nada vale se não as trouxermos para dentro, ao ponto de gerir de nós mesmos aquilo que é nosso material próprio.
Nossa elucidação nos leva a uma maior compreensão. Quando criamos nosso próprio conceito, podemos enfim dar vida e praticar o que realmente validamos nessa fusão interna. O sentido toma conta das nossas emoções, através das sinapses. Liberamos o poder da intenção, que funciona como um apropriado combustível para expressar a realidade experimental.
Ficamos cheios de uma felicidade interna que proporciona uma notável motivação, irradiando uma madura autoconfiança. Vibramos.
De certa forma, acendemos nossa chama interna. Ficamos muito atrativos e elegantes. É um processo de autodescoberta que nasce e floresce dentro de nós.
Aprendemos a escolher o que nos proporcionará esse mesmo balizar frequencial. Optamos por conceitos que nos modelam ao caminho desse exponencial, e isso fica a tal ponto que passamos a buscar as ideias das trocas profundas, das conversas simples, porém engrandecedoras.
Acontece, de fato, um amadurecimento interno, que nos projeta a elevar nossos conceitos e entendimentos.
É natural nos percebermos também com um nível maior de tolerância e abstenção dos egos exacerbados. A sutileza dessa paz passa a nos preencher e nos referenciar diante de tudo que é conceito mundano ou superior.
Traçando uma linha muito lógica, vemos a oportunidade cada vez maior de imprimir em nós a unidade dentro da pluralidade. E é aí que até o tal conceito do "Um" começa a tomar forma e sentido. É uma rica descoberta gradativa, que nos coloca avançando nessa linha de entender que tudo nos reside e que estamos expressos no todo.
Cada qual é único em sua forma e, ainda assim, pertencente por se ver como material do todo. Isso abre em nós a supercapacidade de compreender sob a ótica de ser partícula e totalidade. Até mesmo a nossa capacidade mental de construir entendimento deixa de ser um limitador, pois, por imersão, você passa a compreender as nuances dessa construção.
A base dessa nossa dimensão, e toda a decodificação que a sustenta, tornam-se claras. As barreiras ficam visíveis, perceptíveis e entendidas em suas faixas construídas, cada qual com sua memorável equação.
E, nesse vislumbre, se vê que nunca houve separação. O que é cada ser está inseparavelmente conectado sob muitas formas e frequências. Entre tantos outros possíveis entendimentos, o fragmento passa a ver a maestria de toda jornada. Sem qualquer outra linha que não for límpida e profunda, ele se percebe mestre de si.
Por Gisele Almeida