Para que ao nascer se consiga entender o universo comum, compartilhado (multiplicação), é necessário que perceba a individualização das coisas. Por isso A é A, B, B, 1+1=2. Uma linguagem para que você possa se localizar e então seguir teu destino de ultrapassar o sentido único das coisas, observar o que se apresenta e brincar com as possibilidades.
Coisas é tudo aquilo que pode ser definido. O ser, por não poder ter uma definição, não é uma coisa. Mas tudo que o constitui para que ele tenha uma percepção são coisas constituídas. Porque 1+1 é 2 e não 1? Como um único pode virar 2? Ele mais ele não seria ele mesmo? Como deixa de ser um e passa a ser dois? A não ser que se crie a ideia de espelho, onde o outro seu adiciona na criação de um novo. E essa seria a base da realidade de espelhos. A realidade só existe pela divisão do que se é. Que é apenas uma outra parte do mesmo, mas essas partes agem juntas na constituição da ideia de realidade.
Me questiono por quanto tempo seguiremos vendo a realidade como é ou se logo mudaremos e expandiremos com nossas potências de atravessar o espelho para então poder usufruir da nossa condição de existência.
Agora vamos falar do zero. Porque o zero é considerado, se, de fato, não existe? Ou só existe se adicionado ao que foi criado?
0+1=1 - Porque o 0 já é. O zero é o nada que se transforma em todas as possibilidades, por isso ele não é considerado, porque ele já está em todos os números. Considero a ideia do zero como origem. Uma ideia de célula, que é criada pela conexão de um consigo mesmo, em um processo sem fim de autorrealização.
Se pensarmos o 1 como uma linha, esse só constituiria um universo, conectando em ele mesmo, como a ideia da Ouroboros, o movimento que conecta a si, gerando todas possibilidades da criação de uma célula primordial, o universo espelhado em si, mas que só assim pode existir.
0 é a existência em essência. Em sua simbologia, ele representa o vice-versa, a célula primordial, pulsão de vida, fluxo infinito. 1 seria a unidade, ele só não é nada, nem a ideia de 1 ele é. Ele só se torna 1 quando se cria a forma/ideia de 0 (todas possibilidades possíveis em si), e então pelo zero existir, os números são criados. A partir do 0 o 1 é 1, e assim se dá o universo de classificações em geral. Por isso 0 poderia ser um estado alterado de 1, a multidimensionalidade da vida em essência.
Seria esse o princípio da narrativa cartesiana da Matriz?
