O indivíduo é parte do todo. O que se manifesta como uma reprodução ‘real’ é apenas o presente daquilo tudo que está sendo e foi compartilhado nesse momento que é sempre o momento único. Um todo que compartilha o mesmo em definições, limitações distintas.
Movemos todos juntos, não há separação real, a separação é fictícia. O que se vive poderia se dizer real - por se tornar possível coletivamente.
Passado é memória, futuro são possibilidades - previstas ou não. Passado seria a conjunção de experiencias geradas no processo, que ao nascer já acessamos como linguagem para poder construir uma identidade no tempo e espaço. Mas o passado nada seria do que narrativas ativas no presente jogadas para um outro ‘tempo’ para que esse tempo possa existir. Por isso há uma reprodução, porque definimos algo que de fato está em transição como verdades, como se a história nos definisse como algo. Então se o passado é a memória gerada do presente, o passado é um espelho do presente, e ao não nos entendermos como o espelho, acabamos nos replicando ainda mais e dificilmente conseguimos sair desse esquema.
Não se tem para onde ir se não sabe o que se é. Porém, a dúvida do que se é, é o que te faz seguir. Nem o sim, nem o não, mas a relação eterna entre os dois, as escolhas na criação da sua identificação dentro dessa realidade que chamo de REALIDADE INSERIDA.
A dúvida seria um elemento de complemento, o caos da relação do interno com o externo, a eterna criação em sua essência de proposta. O interno seria a representação dos desejos que te impulsionam a viver, aquilo que te faz agir, gerando mais sentidos para o que foi gerado, expandindo o conhecimento natural do ser.
A realidade é completamente limitada pelas experiências já criadas, ao chegarmos no mundo, algo, de alguma forma, já está criado. E esse estar criado, é aquilo que carregamos ao decorrer da nossa experiência dentro na nossa célula, que seria sempre primordial e única. A tua percepção é que dá origem a todas as possibilidades de realidades e de expansão. E o que é a definição se não limitar em algo para poder dizer/narrar uma condição? Mas não há história sem personagens, tempo, cenário, situações dramáticas.
Quando nascemos, muitas dessas condições já nos são dadas e é a partir delas que vamos aos poucos entendendo sobre a nossa condição individual, para então poder entender o que fazer com o que nos foi dado, culturalmente, socialmente, na relação a partir de si com o mundo comum que se é apresentado. Mas o mundo comum nunca é de fato um mundo comum, ele parte da sua percepção, dentro da sua composição única, que é a sua consciência de ser individual perante ao que se apresenta.
A célula primordial então não seria algo maior, que precede sua existência, mas sim você no momento em que você nasce. Todas as potencias estão presentes, tudo que foi criado está presente, e você, terá percepções e ações perante as memórias que se foram inseridas. Memórias essas que foram se movimentando e gerando afetos e percepções que um dia te fizeram a ver o mundo como vê hoje.
As memórias não estão ali apenas para serem revividas e reforçadas, elas estão ali para que se possa gerar uma constituição de identidade e então criar o movimento entre o que você e o mundo - é.
